O mapa dos conflitos ambientais
Jornal do Brasil -
Através do endereço eletrônico www.conflitoambiental.icict.fiocruz.br/, o internauta tem acesso ao mapa. Se ele quiser se informar sobre problemas ambientais no Rio de Janeiro, por exemplo, basta selecionar o estado, no sistema de buscas. Surge então um mapa e pequenos ícones, cada um relacionado a um conflito ambiental.
Ícones
Clicando num destes ícones, aparece uma pequena janela sobre o mapa, com informações gerais sobre o conflito e links para página em que é apresentada a ficha completa do problema ambiental.Um dos exemplos destes conflitos, por exemplo, ocorre na comunidade quilombola Pedra do Sal, no bairro da Saúde, na Zona Portuária, no Rio, onde descendentes de escravos reivindicam a posse definitiva de imóveis em que vivem.
O trabalho foi desenvolvido a partir de uma parceria entre a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fiocruz e a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), e elaborado pelos pesquisadores Marcelo Firpo e Tania Pacheco. O objetivo é alertar sobre populações atingidas em seus territórios por ações que causam impacto ambiental.
A piora na qualidade de vida é o principal dano à saúde provocado pelos conflitos envolvendo injustiça ambiental e saúde no país – adverte Tânia Pacheco. Segundo Tânia, a maioria dos conflitos ocorre na região rural, e os povos indígenas e os agricultores familiares são as populações mais injustiçadas. A monocultura voltada para a exportação, a indústria química de petróleo e gás, a mineração, a construção de usinas, a utilização de agrotóxicos trazem impactos não só para o meio ambiente mas para as populações que vivem nessas áreas – diz o pesquisador Marcelo Firpo Porto.
Segundo Firpo, o projeto “resgata uma perspectiva muito valorizada na saúde coletiva, que é o entendimento do papel e da relevância dos movimentos sociais, e da cidadania para uma sociedade saudável”.
– Estamos dialogando com a sociedade e ajudando a transformá-la em direção a uma sociedade mais democrática, justa, sustentável e saudável.Firpo observa que o mapa não traz só denúncias sobre os conflitos, mas aponta soluções e alternativas. O projeto estimula, a partir de casos concretos, a pensar nos desafios e alternativas para a construção de um novo modelo de desenvolvimento baseado no respeito à natureza e à dignidade humana – diz. – É um novo espaço para denúncias, para o monitoramento de políticas públicas e, ainda, de desafio para que o Estado, em seus diversos níveis, responda às necessidades da cidadania.
Segundo Tânia Pacheco, 60,85% dos conflitos ocorrem na zona rural, enquanto a área urbana concentra 30,99% dos conflitos encontrados. Os grupos e populações mais atingidas, de acordo com a análise, são as populações indígenas (33,67%), os agricultores familiares (31,99%), os quilombolas (21,55%) e os pescadores artesanais (14,81%).
O conceito de saúde, ao unir-se ao de justiça ambiental, é ampliado e passa a incluir questões como o direito à vida, à saúde, aos recursos naturais e bens públicos, à democracia, à cultura e à tradição, dentre outros – diz Tânia Pacheco.
Com agências e o Informe da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fiocruz
13:58 - 08/05/2010
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Jornal do Brasil - Ciência e Tecnologia - O mapa dos conflitos ambientais
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